quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Cabelo, Resistência Cultural.

"Meu cabelo não é só estilo, mas também é resistência cultural. "
(frase extraída do orkut de Diêgo Bispo)

Essa frase resume muita coisa que eu sempre quis dizer, mas nunca soube como.

O meu cabelo representa minha ligação com meus antepassados, com a minha religião de matriz africana. Enfim, meu cabelo representa a ligação que eu tenho com as minhas raízes.
Raízes africanas, que vieram através dos escravos trazidos aqui para o Brasil para serem tratados de forma sub-humana.
Percebo que muitas pessoas sentem um certo desconforto em caracterizar alguém como negro ou negra, mas eu acho uma ofensa muito maior quando sou chamada de morena. Isso me faz lembrar de uma música do Ilê.

"Se você está afim de ofender
É só chamá-la de morena pode crê
Você pode até achar que impressiona
Aqui no Ilê Aiyê
A preferência é ser chamada de negona
"
(Alienação - Sandro Teles e Mário Pam)

Espero que esse desconforto acabe logo.

"Eu tenho um sonho. O sonho de ver meus filhos julgados por sua personalidade, não pela cor de sua pele."
(Martin Luther King)

domingo, 21 de setembro de 2008

Diz muito sobre mim.

Não aguentei, tinha que postar esse poema aqui.
Ele diz muito sobre mim, sobre o que eu penso, sobre ser mulher negra no Brasil.
É frustrante olhar pra TV e não se encontrar ali, perceber que aquela maquiagem que é anunciada no Programa da Ana Maria não fica bem em você, descobrir que aquele corte que a Lara da novela tá usando não fica legal no seu cabelo.
Sei que as coisas estão mudando, que já é comum vermos um negro apresentando um jornal, uma familia negra na novela, mas eu quero mais.
Sonho com o dia em que ver um negro na TV não será obrigação, ele simplesmente vai estar lá.


ASHELL, ASHELL PRA TODO MUNDO, ASHELL
Ela mora num Brasil
mas trabalha em outro brasil
Ela, bonita... saiu.
Perguntaram: Você quer vender bombril?
Ela disse não.
Era carnaval.
Ela, não-passista, sumiu.
Perguntaram: empresta tuas pernas, bunda e quadris para um clip-exportação?
Ela disse não.
Ela dormiu.
Sonhou penteando os cabelos sem quererse fazendo um cafuné sem querer...
Perguntaram: você quer vender Henê?
Ela disse nããão.
Ficou naquele não durmo não falo não como...
Perguntaram: Você quer vender omo?
Ela disse NÃO!
Ela viu um anúncio da cônsul pra todas as mulheres do mundo...
Procurou, não se achou ali.
Ela era nenhuma.
Tinha destino de preto.
Quis mudar de Brasil; ser modelo em Soweto.
Queria ser qualidade.
Ficou naquele ou eu morro ou eu luto...
Disseram: Às vezes um negro compromete o produto.
Ficou só.
Ligou a tv.
Tentou achar algum ponto em comum entre ela e o free:Nenhum.
A não ser que amanhecesse loira, cabelos de seda shampoo
mas a sua cor continua a mesma!
Ela sofreu, eu sofri, eu vi.
Pra fazer anúncio de free, tenho que ser free, ela disse.
Tenho que ser sábia, tinhosa, sutil...
Ir a luta sem ser mártir.
Luther marcketing
Luther marcketing... in Brasil!

(Da série "Brasil, meu espartilho")

Elisa Lucinda

Començando !

Sempre pensei em fazer um blog, mas uma dúvida pairava: o que vou escrever ?!
Em conversas com amigos os assuntos rolam, vem de um jeito que nem percebemos, mas na hora de botar tudo no papel, bate uma insegurança, um medo do que vão achar do meu texto. Porém, pensando mais um pouco acabei percebendo que escrever é algo natural e que mesmo que eu tente forçar algo, nas entrelinhas vão estar as minhas verdadeiras intenções, o meu verdadeiro eu.
Sei que tenho que estar preparada para os elogios e muito mais para as criticas. Sabia que um dia ia ter que começar a exercitar o meu bem mais precioso, aquilo que usarei pro resto da minha vida na minha profissão: AS PALAVRAS.
Não quero ser muito prolixa nesse primeiro texto.
Então, esse é o meu blog, eu sou Val Benvindo, 18 anos, estudande de Jornalismo e filha de Oyá.
E que ela me proteja sempee.