Em 19 de setembro perdi a matriarca da minha família, aquela que era o alicerce, minha Vovó Hilda (era assim como eu e todos os netos a chamavam). Era uma manhã de sábado, linda, fazia um sol danado e eu estava em pleno Porto da Barra, participando de uma ação voluntária para limpar as praias de todo o mundo - Clen Up Day - quando recebi a ligação de minha mãe me dizendo que era pra voltar pra casa, fiquei meio sem entender, mas ao mesmo tempo era como se eu já soubesse o que tinha acontecido, ela só precisou confirmar. A sensação foi de perda do chão, saí desbandeirada chorando, peguei um táxi e voltei pra casa, fui chorando o caminho inteiro, lembrando que na sexta a noite eu arrumava meu armário e tinha achado uma foto dela, de alguns anos atrás, e tinha chorado muito e pedido a Deus que fizesse ela melhorar pra que pudesse voltar pra casa.
Quando cheguei em casa, minha mãe estava bastante agitada, tomei banho e esperei ela arrumar tudo para irmos pra casa de minha vó, no curuzu, onde estariam o meu pai, meus tios e primos e os amigos da família.
Era como se todo o curuzu estivesse de luto, e de fato estava. Ele estava silencioso como eu nunca vira antes, desse momento até a chegada de minha tia mais nova, minha madrinha e meu pai, foi uma espera terrível. Várias pessoas ligavam, chegavam e a gente tendo que dar sempre a noticia, isso por que as pessoas não acreditavam no que os jornais estavam noticiando.
A chegada do caixão trouxe o desespero total, pois ali estávamos vendo que não era mentira e que não teria mais volta. Foi duro. Uma madrugada inquieta, muitas pessoas chegando pra dar o último adeus àquela mulher que ajudou a fundar o primeiro e mais importante bloco afro brasileiro. Foi tanta gente que não víamos há anos, pessoas que ela ajudou, aconselhou, e que a admiravam pelo que ela era, simples, porém forte.
A manhã chegava e com ela mais pessoas, todos, TODOS mesmo de branco, subindo o curuzu em cortejo, os filhos de santo e de sangue segurando seu caixão e os orixás abrindo alas para que todos daquele bairro que ela escolheu pra criar seus filhos pudessem lhe fazer as últimas homenagens. E essas homenagens continuaram no cemitério, mais pessoas chegaram e fomos confirmando o que já sabíamos: o quão importante ela era pra muita gente.
A perda é irreparável, ninguém estava preparado para isso, mas é como se soubéssemos que ela nunca vai nos deixar sozinhos e vai estar sempre olhando por nós, de onde ela estiver. Mas é tão estranho chegar naquela casa e não ter mais ela ali para eu pedir a benção e dar testa pra que ela beije.
Quando cheguei em casa, minha mãe estava bastante agitada, tomei banho e esperei ela arrumar tudo para irmos pra casa de minha vó, no curuzu, onde estariam o meu pai, meus tios e primos e os amigos da família.
Era como se todo o curuzu estivesse de luto, e de fato estava. Ele estava silencioso como eu nunca vira antes, desse momento até a chegada de minha tia mais nova, minha madrinha e meu pai, foi uma espera terrível. Várias pessoas ligavam, chegavam e a gente tendo que dar sempre a noticia, isso por que as pessoas não acreditavam no que os jornais estavam noticiando.
A chegada do caixão trouxe o desespero total, pois ali estávamos vendo que não era mentira e que não teria mais volta. Foi duro. Uma madrugada inquieta, muitas pessoas chegando pra dar o último adeus àquela mulher que ajudou a fundar o primeiro e mais importante bloco afro brasileiro. Foi tanta gente que não víamos há anos, pessoas que ela ajudou, aconselhou, e que a admiravam pelo que ela era, simples, porém forte.
A manhã chegava e com ela mais pessoas, todos, TODOS mesmo de branco, subindo o curuzu em cortejo, os filhos de santo e de sangue segurando seu caixão e os orixás abrindo alas para que todos daquele bairro que ela escolheu pra criar seus filhos pudessem lhe fazer as últimas homenagens. E essas homenagens continuaram no cemitério, mais pessoas chegaram e fomos confirmando o que já sabíamos: o quão importante ela era pra muita gente.
A perda é irreparável, ninguém estava preparado para isso, mas é como se soubéssemos que ela nunca vai nos deixar sozinhos e vai estar sempre olhando por nós, de onde ela estiver. Mas é tão estranho chegar naquela casa e não ter mais ela ali para eu pedir a benção e dar testa pra que ela beije.
8 comentários:
Fiquei até sem saber o que dizer.
Nossaaa, arrepieei!
Show de bolaa seu texto!
Mto lindo!
Fiquei esperando ansiosamente para ler o texto, mas não consegui ir até o final. Sei como é o sentimento de perda, por mais que as pessoas tentem nos consolar, pouco valem as palavras. O único conforto, pelo menos pra mim, é saber que haverá um reencontro em outra vida!
Valta, só uma coisa eu tenho p falar sobre esse seu post: lágrimas. Eu sei bem o que é isso. Mas é uma saudade boa qnd lembramos d pessoas tão boas como ela!!! E vc c ctza sabe q ela está bem!!! Beijos e saudades.
lindo!
Fiquei mt tocada,lindas palavras.
força e fé que ela esteja num lugar melhor e descançando .
;)
Eu tinha certeza que esse texto estaria lindo... Sim, o Curuzu e um pouco de cada um que conhecia o trabalho de Mãe Hilda ficou de luto, Val. E não sinta falta da benção dela, pois onde quer que ela esteja, ela está te abençoando.
Li e só agora volto para comentar.
Vc é abençoada por ser que é,
e por ter nascido assim.
Ser escolhida para habitar
neste lugar fanstástico é divino.
Mãe Hilda é mãe
e avó de muitos filhos
espalhados por nossa Terra.
Espero que essa herança tbm inspire
seu trabalho e vc leve sua
marca para sempre por onde andar.
Lindo texto! Arrepiei total ao ler.
Beijos e saudades das nossas conversas (:
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